quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

self image 2016

[self image: one’s concept of oneself]¹

a chave das coisas, ou ao menos a minha chave das coisas, é o deslocamento. 

aprendi isso quando saí de um colégio particular pequeno e entrei num colégio público ~de qualidade~ gigante, cinco anos atrás, e tive a certeza quando mudar de estado para fazer faculdade me pareceu a única opção correta.

***

o ano em que eu cheguei aos dezoito foi o ano mais difícil e maravilhoso para mim. eu passei por várias reedições e reimpressões para chegar até aqui, ao paulo que escreve esse texto. eu não sou a edição definitiva de mim mesmo - alguém é? -, mas eu sei que sou uma edição que existe. 

a cada dia que passa, eu sinto que eu existo mais e o mundo parece menos plástico. a realidade tem se tornado real.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

queluz dez e quarenta e cinco

(ou: a rodoviária cheira a verão)


a criança que mama olha nos meus olhos
o velho ao lado não consegue se sintonizar
   à estrada
o menino da frente dorme sem pôr os pés no chão

get lost, get lost, get lost

as nuvens daqui não estão no céu
elas são grandes massas
pairando
paralelas ao chão

consigo me ver com oito anos
arroz frango batata
o amarelado da comida é o mesmo do meu sorriso

acho que te vi também

a fantasia é tudo o que me resta


[escrito do rio a são paulo, de são paulo ao rio]

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

o nadador

parte da capa do "a praia", álbum do cícero

[um texto escrito apenas para organizar o que se passa na minha cabeça, daí a estrutura provavelmente esquisita]


Se fazer uma escolha banal - tipo, sei lá, qual é o próximo livro que eu vou ler - já é difícil para mim, imagina decidir algo mais complicado, como em qual universidade eu vou estudar nos próximos anos. 

O curso, pelo menos, já está escolhido: é Letras. A escolha mais óbvia seria ir para UFRJ mesmo. Federal, bem conceituada, atende melhor às minhas expectativas que a UERJ. Era só isso que eu tinha na cabeça, finalmente algo definitivo depois de tantas dúvidas sobre o futuro… quer dizer, “definitivo”.

Do nada, surgiu a oportunidade de estudar Letras na USP. Sim, lá em São Paulo. Depois de conhecer melhor a estrutura do curso, conversar com pessoas de lá e pesar todos os aspectos negativos da mudança, essa passou ser a escolha mais óbvia. Afinal, atende ainda mais o que eu quero para o futuro, minha mãe aceitou (depois de algum esforço, claro) e, apertando um pouco e fazendo uns malabarismos, mudar de estado é possível.

Mas, como eu já disse, escolher é difícil