sábado, 20 de agosto de 2016

escrito não-escrito

...daquele menino de olhar manso, versos fortes e com o corpo menino que tá aqui, com vontade de estar lá (longe).
Foi o que ele disse. Eu geralmente não sei me descrever. Quando perguntam sobre mim é sempre uma confusão. O que falar? Eu não tenho uma resposta. Daí ele disse - escreveu - essas palavras e eu senti como se estivesse certo, essa poderia ser a minha resposta. Se isso aqui é um depósito, é aqui que vou guardar. 

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

a nova dutra

a câmera do celular não registra
o que eu consigo ver
é bonita, a estrada da noite
mesmo que mude o lado
a visão não é a mesma

encoste a cabeça na janela
deixe ela tremer
e veja bem aquelas gotas de luz
elas, quantas são?

se lembre deles,
dele

da parede de pedra
do galho retorcido
do radar solitário
do carro lento
dela que dorme

não deixe que fechem
a cortina
é mais escura que a noite
veja, veja
porque a câmera, ela não vê

***

(do rio a são paulo, 31/07)
(de cara pro vidro frontal de um ônibus de dois andares, queria fotografar a beleza do que eu estava vendo, mas acabei tendo que tentar - tentar - transmitir com palavras.)